O Brasil enfrenta um desafio urgente: preparar sua juventude para lidar com dinheiro de forma inteligente e responsável. Investir em educação financeira pode transformar o futuro de toda uma geração.
Apesar de ser um tema transversal na Base Nacional Comum Curricular, ainda há um longo caminho para consolidar práticas financeiramente saudáveis entre jovens. Muitos só reconhecem necessidades e desejos básicos, mas não dominam habilidades essenciais para a vida adulta.
Introduzir conceitos financeiros na adolescência traz benefícios profundos, tanto individuais quanto coletivos. Jovens que aprendem a planejar e controlar seus recursos tendem a evitar dívidas desnecessárias e a cultivar hábitos saudáveis.
O desempenho de jovens brasileiros em finanças está entre os piores do mundo. Segundo o Pisa, ocupamos o 3º lugar entre as nações com menor proficiência, superando apenas a Arábia Saudita e a Malásia.
Dados recentes revelam que 45,1% dos estudantes apresentaram baixo desempenho em finanças, enquanto apenas 2% atingiram alta performance. Além disso, cerca de 47% dos jovens da geração Z não têm nenhum controle de gastos.
O problema se agrava na vida adulta: 46% das pessoas entre 25 e 29 anos estão endividadas e inadimplentes, e somente 25% dos jovens de 18 a 30 anos fazem algum controle financeiro efetivo.
Para mudar esse cenário, o Brasil tem avançado com políticas que promovem a educação financeira desde a base. Em 2024, o estado de São Paulo incluiu a disciplina no currículo do ensino médio, e o MEC lançou um programa nacional que abrange cidadania fiscal e previdenciária.
Em tramitação no Congresso, o Projeto de Lei 2747/24 propõe tornar obrigatória a disciplina em todas as escolas, públicas e privadas, abordando desde conceitos básicos até tecnologias financeiras e proteção digital.
A presença do tema como transversal na Base Nacional Comum Curricular assegura que os fundamentos de economia e finanças permeiem diversas disciplinas, potencializando o aprendizado.
O currículo ideal deve contemplar habilidades práticas e conceitos teóricos, preparando o estudante para tomar decisões conscientes e autônomas.
Apesar dos avanços legislativos, barreiras persistem. A desigualdade de acesso impede que estudantes de baixo nível socioeconômico obtenham os mesmos benefícios.
A formação adequada de professores ainda é escassa, tornando difícil a aplicação de metodologias dinâmicas e atualizadas em finanças.
Em Portugal, projetos-piloto mostraram impacto imediato: jovens levaram conceitos aprendidos para casa, influenciando hábitos familiares. No Brasil, escolas que adotaram programas integrados registraram aumento no controle de gastos e no interesse por poupança.
Estados e municípios realizam feiras, concursos e workshops em parceria com bancos e ONGs, ampliando o alcance das práticas financeiras. Essas ações elevam a confiança dos jovens para lidar com dinheiro e investimentos.
Despertar a consciência financeira desde cedo é investir no futuro desta geração. Para isso, é vital ampliar a capacitação de professores, garantir igualdade de acesso e consolidar políticas públicas.
Com a educação financeira presente na rotina escolar, os jovens poderão enfrentar desafios econômicos com autonomia e responsabilidade, contribuindo para uma sociedade mais justa e próspera.
Referências